A produtora de eventos Aline Ricci, de 24 anos, decidiu comemorar seu aniversário com uma festa em alto mar, mas não imaginava que a situação tomaria uma proporção tão grande. A comemoração, realizada em Guarujá, no litoral de São Paulo, acabou reunindo dezenas de embarcações de luxo e aproximadamente 350 pessoas, logo após a Baixada Santista registrar aumento de casos e mortes por Covid-19.
O evento ocorreu na tarde de quinta-feira (17), no Canto do Tortuga, localizado no bairro Enseada, desrespeitando medidas de prevenção ao novo coronavírus, como o uso obrigatório de máscaras de proteção e distanciamento social. Além de lanchas, iates e motos aquáticas, ao menos duas escunas foram vistas na festa, com dezenas de pessoas em cada uma delas.
Em entrevista ao G1, Aline revelou que decidiu celebrar seu aniversário com alguns amigos que possuem embarcações. De acordo com ela, foi criado um grupo em um aplicativo de mensagens para explicar sobre a necessidade de respeitar as normas impostas pelas autoridades de saúde. Porém, um colega decidiu levar uma escuna e a situação acabou saindo do controle.
“Ele me disse que levaria apenas 50 pessoas e que respeitaria as normas direitinho. A minha parte eu fiz. No meu barco, cabiam 28 pessoas e tinha apenas 12. No dia, todo mundo queria se reunir para ir junto de São Paulo até Guarujá, mas eu falei para cada um ir sozinho, tanto que fui de helicóptero. Sobre as máscaras, quando estamos comendo e bebendo em bares e restaurantes não precisamos usar. Então, como estávamos em pessoas que tem convívio, não usamos”.
A jovem relata que, diferentemente do que circulou nas redes sociais, ela estava organizando apenas sua festa de aniversário, não um grande evento lucrativo. Porém, a comemoração acabou tomando grandes proporções, que fugiram do seu alcance.
“Se as pessoas não estavam respeitando, eu já não posso fazer nada. Estava ali para curtir meu aniversário, não para cuidar dos outros. Organizei um evento para cada um ficar na sua lancha, respeitando as normas. Não fui responsável por isso, nem pelas pessoas que estavam na areia. A parte da escuna foi responsabilidade de outra pessoa, que aproveitou o meu evento”.
Coronavírus
Para a produtora de eventos, a pandemia é algo inventado, pois o coronavírus se trata de uma gripe. Ela garante que, em seis meses de quarentena, não conheceu ninguém que tenha morrido da doença. “A questão das mortes é política. Tudo o que está acontecendo, para mim, é marketing do Governo. Se fosse algo tão sério, tão avassalador, vários artistas teriam morrido. Isso é um exagero”.
De acordo com a jovem, as unidades de saúde têm tratado todos os casos como se fossem coronavírus. Ela ainda desabafa e discorda com a repercussão que a sua festa tomou nas redes sociais. “Abrir cinema no Rio de Janeiro é normal. O metrô lotado é normal. As praias da Baixada Santista ficam lotadas e ninguém fala nada. Isso é muito hipócrita. Só porque as pessoas de classe média alta estavam se divertindo”.
Por fim, Aline garante que não teve nenhuma maldade na hora de marcar sua festa de aniversário, justamente por se tratar de um lugar aberto que, segundo ela, não prejudicaria ninguém na cidade. “Não fiz em uma balada fechada, cheia de gente. Iríamos só chegar com nossos barcos e ficar lá. Acham que eu fui a responsável, mas cada um é responsável pelos seus atos. A minha parte eu fiz. Tive uma ideia, que acabou saindo do controle”.
Prefeitura
Nas embarcações, além do descumprimento do decreto que obriga o uso de máscaras de proteção, os tripulantes das lanchas vistoriadas também excederam os 40% de ocupação permitida pela legislação municipal, causando aglomeração.
Além disso, quatro embarcações eram locadas, sendo que há legislação vigente no município que proíbe essa prática. A marina responsável pelos barcos já foi identificada pela fiscalização da administração municipal e multada.
Um participante da festa foi autuado, ainda, por estar trafegando na área reservada ao lazer náutico de banhistas após as 19h. O horário permitido é, de acordo com a legislação, das 9h às 19h.
Por fim, o evento foi organizado e divulgado sem autorização da prefeitura, ferindo novamente a legislação municipal. Os organizadores da festa ainda estão sendo procurados para prestar esclarecimentos e serem autuados pela infração, podendo responder por desordem pública.
FONTE: G1
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